Pedaços de Mim

por Irene Zanetti

Tinha os pés cansados de caminhar,

Já entardecia quando cheguei na ponte de um córrego que deixava as águas passarem entre as suas estreitas margens.

O frescor da água suavizou a quentura dos pés.

O arvoredo em volta das margens era de grandes e pequenas árvores,

todas elas com um verde inexplicável…parecia a cor esmeralda.

Duvidei que a noite chegaria logo, sentei na margem e deixei meus pés ficarem gelados na água corrente.

Aos poucos o corpo inteiro já estava frio,

O sol tinha se escondido, ali eu ainda estava.

Porque estaria ainda ali, na solidão?

Pensei e olhei pra cima das árvores e um punhado de pássaros se assentando nos galhos,

tantos, inúmeros, centenas todos eles mesclados de cinza, branco e da cor preto, com o bico vermelho.

Estavam silenciosos, alguns adormecidos outros ainda procuravam lugar para assentar e dormir o sono dos pássaros.

Com os pés na água corrente e com os olhos esticados para o alto vendo o espetáculo acontecer, percebi que eu estava entre as energias naturais da vida.

Ali cercada no mineral, vegetal e de outras espécies vivas.

Senti que apenas eu humana conseguia perceber, distinguir, a separação de cada elemento natural, e que os demais estavam no contexto de serem o que são, nos seus lugares, nas suas funções…

Eu ali, estagnada com a beleza que estava sendo escondida pelo escuro da noite, ali livre…apenas presa pelas sensações de fazer parte desta Unidade.

Sai deixando o meu coração batendo forte,

batendo no pensamento que dizia…

Tu és parte do todo…e de tudo…

Um ser humano amado pelo todo e pelo tudo…

Um filho de Deus!

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