O sereno veio manso..
Como uma saudade que não quer aparecer,
ela teima em ficar dentro do coração.
Do engano a saudade não sabe…
O coração também não aguenta e segura tanta saudade sozinho…
pede ajuda para os olhos e os olhos pede para as lágrimas…
As lágrimas que lagrimejam sem querer e nem sabem porque,
elas se deixam derramar pelo rosto…
fora dele…

se a saudade é grande demais…
Então o sereno veio assim,
sem pedir licença,
sem avisar que vinha,
rompeu o tempo caminhando,
saiu da memória, atravessou campos psíquicos..
novamente se debateu até chegar ao tronco do coração avermelhado e esculpido como se fosse um tesouro.
E o tesouro ele é!
O tesouro do tempo….das histórias…
Como esta…
do sereno que nasceu numa madrugada fria e sem a lua cheia.
Apenas nasceu porque a força da sua vida o fez assim…
Nasceu para umedecer as plantas…antes do sol ardente…
Para enfeitar as flores nos campos esquecidos,
Para despoluir o pó do cimento espalhado…
Nasceu assim…contando os minutos das madrugadas esperançosas pelo sol…
Adormecida fiquei ouvindo o barulho dos pingos do sereno cair numa latinha de alumínio…