O Domingo prepara a semana,

por Irene Zanetti

a semana prepara o viver,

e o viver prepara as nossas relações, compromissos, alegrias, teorias e muito amor.

Fizestes uma túnica pra mim,

Deixastes que meu rosto se cobrisse de medo.

Foi embora o vento que me empurrava para dentro de mim mesma.

Sozinha desci o rio das águas doces, tão doces que os peixes eram muitos…

Olhei o tempo de lá de trás, e vi uma história mal contada,

os homens se vestiam de branco para purificar-se.

Eram os deuses dos caixões mal acabados.

Havia respiros de grande valia para a vida que não queria ir embora, antes mesmo das portas se fecharem.

Dormiu o tempo da solidão que não gostava de ficar só,

eram sempre as mesmas horas que o novo tempo chegava, e nada mais se tinha o que dizer sobre a vida que passava.

Foi assim a despedida de um ser que nunca viu o próprio sorriso, e nem buscou amansar seu coração feito valente porque era selvagem.

Assim se conheceu não mais aprendeu ser outra pessoa além de selvagem.

Trouxe nos ombros as histórias dos passados longínquos, e sem saber porque veio, veio trazendo as rendas feitas pelo vento dos tempos antigos.

As rendas rendadas como teias das aranhas mansas e das desvairadas por que ambas se fazem viver para a eternidade.

Assim desejou ser durante a vida que lhe trouxe saúde e a majestosa memória que nunca morre.

Deitada depois de tantos desafios enfrenta a umidade do banho frio pelo corpo que pouco existe.

O banho que a faz lembrar que o tem como segundo plano do seu viver.

Então a túnica se afastou para longe do labirinto da realidade e a fez desejar uma escravidão imaginária.

Fostes assim até que o vento virou de costas e se afastou para que ninguém visse o seu rosto.

Vomitou um pouco do pó que segurou em seus pulmões enormes, de tão grandes sacudiu as montanhas feitas de pedras.

Lá se foi o cérebro recheado e turbinado dos ventos que não querem se conhecer, apenas são amistosos e também um pouco educados nas travessias do corpo com o seu ser.

Não muito longe seguiu caminhos que já foram percorridos durante as civilizações nunca esquecidas antes de cada sono.

Todas as vezes a nuvem das paisagens e dos rostos plenamente presente e vivos ali estão, como guardas de cada tempo e registro do sentir entre os tempos que se passaram e o presente.

Dormindo assim com os pés fincados na cobertura do manto que fora feito pelo imaginário Homem de Deus.

Sacode a sacola que moldurada como um fenômeno ou apenas uma pequena faísca para manter um coração que pulsa sem saber porque.

Assim assumiu o manto, feito de retalhos quadrados, com flores brancas e azuis,

assim surgiram os cordões que foram abotoando as partes cortadas pela lâmina que se fazia os cortes.

Deixados sobre as pedras, como carimbos do sol, as ramagens se espalhavam sobre a grama enfeitada com as minúsculas flores lilás.

Eram tantas que o manto se viu todo vestido delas.

Ali naquele tempo que o sol não tinha em redor a poeira dos homens, apenas quem se perdeu na selvageria que se fez imortal.

Dali se passou um abismo entre as pétalas deixadas sobre o brilho das estrelas, e ali adormeceram na eternidade.

Assim se fez a memória de quem vestiu a túnica deixada sobre a cama vazia.

Ali a túnica tomou o corpo de quem a vestiu e nunca mais se desvencilhou dela.

Outros tempos, outras histórias miúdas e profundas todas elas, com a maior forma de aprender a saber amar.

Um canto que os gregorianos se passaram como seres que moram entre os céu e a Terra.

Assim se vestiu o corpo que despertou para vestir o manto de todos os tempos.

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