para buscarem novos rumos, conquistas em outros espaços outras sociedades em pátrias longínquas e desconhecidas.
Para eles a nossa compreensão e consciência em recebe-los com a cidadania que estamos inseridos.
Refugiados, desabrigados…
Navios carregados de gente…
Sopra o vento…
Desafia os cabelos…
Corre pensamentos distintos.
Navegam assim,
quase sem forças para olhar as paisagens divinas e terrenas que encontram…
Sopra o vento as velas dos corações esperançosos.
Tudo retira da face,
do rosto estampado para a liberdade…
Tudo muda de cor na penumbra das brumas…
elas chegam de manso,
cobrindo o que ali está.
Navegam assim sem sonhos,
tantas horas, tantas tardes,
dias e noites infinitos…
navegam como se fossem o raso do mar.
Hostil segue a viagem a fora,
seguem fazendo historias…
nascem os nascimentos,
aumentando a frota.
Nascem os nascimentos dos falecimentos…
Esperanças o que sobra,
se renovam em partículas…
O tempo ali este que não chega,
debruça-se e soluça como criança…
mãos esfoladas seguram a terra que lá atrás ficou…
não há terra ali…
nada se vê senão as águas agitadas sem descanso.
A imensidão no vazio das madrugadas,
olhos cheios de desesperanças alternadas com a esperança.
Ali fitam o espaço azul esverdeado do gigante oceano,
ali garante o coração de cada um…
Sangra o estomago do vazio cargueiro,
sonha a vida e o novo que virá.
Ainda nas fraldas de folhas verdes…
brinca a criança com a brisa sem brincadeira.
Viagem segue adiante,
assim adormecem os navegantes que nunca foram,
que nunca quiseram ser.
Deixada a terra,
com a pobreza dos homens,
buscam a paz na imensidão do mar.
Aguas que batem,
sacodem,
Ficam os pés prensados na fé e na esperança…
ali segurando o mastro afora,
sem destino que Deus reservou,
apenas navegam…
Guardam no coração a suave vida de quem já foi da natividade,
agora assim estão soltos sobre as águas ondulantes deste mar vasto.
infinito…
assim estão,
com cansaço do corpo antigo,
da aberração de ser apenas o que se é.
O desconhecido de ser…
Ali chegam ao seu próprio paraíso.
De se conhecer deitados nas brasas vivas da realidade.
Assim cada um navega,
levando a bagagem o eu oculto, mostrando apenas em circunstancias assim…
navegar é preciso.
A cama feita de sonhos e desfeitos diante desta crua realidade.
Deitam…
como se o descanso fosse as manhãs sonhadas,
atravessam os tumultos dos seus pensamentos…
ainda há esperança,
quando avistam as estrelas.
Soltos voam os ventos do sul,
percorrem com o olhar sem a curiosidades de mais saber,
já encontraram muitas respostas de estarem ali…
Apenas se voltam com a força dos ventos,
ali esta a agonia começando,
o morro encontrado,
o porto dos estrangeiros…
A naturalidade do seu país foi deixada em alto mar…
libertos das fronteiras o mar os ensinou ser…
agora forasteiros,
esfolados,
imigrantes,
desabrigados…
Ali estão em terra nunca vista senão nos seus sonhos…
Ali estão na face de gente como eles,
mais nas diferenças da divisa de territórios…
nacionalidades,
da predominação da cor da pele,
das linguagens e gestos estranhos,
das expressões feitas e desfeitas de quem sabe e não sabe…
A dor do corpo ferido desaparece,
na angustia de nada saber,
se estão para a salvação ou a condenação da devolução…
Estão ali,
como boiadas que esperam a hora do seu corte.
Ali estão, sozinhos segurando seu coração para não derreter,
ali no ventre da Vida…
a única esperança para salva-los.
Olhar amarelados,
o vermelho do sangue quase não aparece…
estão tremendamente desolados, sem pátria,
sem chão para pisar…
estão ali,
desfolhados,
nus,
crus,
as mãos apenas com os traços da vida…
Se doam a qualquer custo,
apenas salvar a própria vida querem,
No sinal de quem só isso tem,
desta verdade, removem as montanhas os seus corações,
abre-os com toda força que tem…
com este gesto uníssimo as montanhas se movem…
o suor e o cheiro da própria terra fincada nos poros ainda sobressaem como forças de cura.
Na busca dos seus direitos como cidadãos da Terra,
mostram-se guerreiros, valentes.
e não mais assistentes deste amanhecer…
grande abraço
