No deserto a alma se liberta do corpo e o vento demasiadamente livre se solta num funil longo , do comprimento do próprio olhar.
Antes eu não sabia que o vento tinha olhos,
agora no deserto se descobre o quanto os olhos do vento vê o azul do espaço sem fim…
Horas largadas sobre o asfalto que nunca gostei nem mesmo para caminhar com os pés descalços,
os espinhos e os pedregulhos pontiagudos dão a sensação de que a vida na maioria do tempo que empresta ao ser humano é assim.
Árdua.
As vezes o pó da estrada fica uma nuvem como a infância acredita quando ela brinca com o próprio olhar.
A brincadeira inventada pela ação divina é o melhor dos presentes que se recebe, então nunca se pode deixar escapar. Pois ela é o ventre da essência que os humanos carregam.
É uma resposta dos silêncios,
do assovio dos pássaros já envelhecidos e que pouco quer trocar os galhos que neles envelheceram.
Ali ele fica quase que pendurado, igual os pensamentos da gente, ali fica pendurados no envelhecimento da nossa consciência.
Os galhos para o pássaro, as árvores florescem, amadurecem…
Os galhos dos humanos ficam espalhados, traçados nos campos, nas estradas, nas calçadas e por onde os passos que passar…
Rompem os estranhos caminhos nos passos não dados,
refaz o tempo se ainda quer lá chegar.
Quem impedem os próprios passos?
Serão aqueles que se penduram nos galhos atrevidos das árvores?
E porque seriam eles atrevidos, só porque o cansaço do caminho do deserto não quer parar, descansar nas suas sombras?…
As sombras dos passos humanos são secundários quando os pensamentos agitam e atravessam os caminhos insípidos…
São aqueles pensamentos que atravessam as histórias, as unem, dividem e ainda resta o tempo de acomodar cada história no seu tempo, na sua mágica emoção de reviver e ou de esquecer.
Depende tudo dos passos adiantar-se, recuar-se ou fazer como as sombras dos galhos das árvores que com o passar do tempo apodrecem sem querer…
ainda assim os passos tentam fazer o acontecer…
num novo amanhecer.
O Sagrado do sol em nós
Debaixo do Sol ardente,
o perfume das flores exalam,
O som das vozes explodem,
E as águas frias são o alívio dos corpos.
Debaixo do sol ardente,
as águas frias lembram uma benção,
a brisa refrescante um afago,
e a porta do Sagrado aberta para todos nele entra.
Quando nós plantamos e cuidamos dos seres vivos,
estamos abençoando a vida, a existência e tudo que recebemos gratuitamente do Criador…..
A vida e a existência.
Eu só existo porque o outro existe!
Sou um pedaço vivo da Terra e de tudo que nela existe.
Porque sou de Deus de Todos.
A paz é o equilíbrio entre o Ser com o Humano.
É a força suave que move o nosso estado humano,
é o caminho das certezas, clarezas do nosso viver…