A MENINA

por Irene Zanetti

No mesmo banco que estava sentada, uma menina-moça sentou do meu lado,

tinha os olhos azuis da cor das hortências…

Aos poucos começamos conversar, e sem perceber já comecei ouvir….

-Que ternura é esta que bravamente se levanta e se inspira em minha volta?

-O que dentro de mim segura esta força e faz inteira dela?

O que está dentro/ o que está fora e oprime para a travessia?

-O que sente o meu ser quando nada disto acontece?

O que sente ele quando isto acontece?

Fez-se o silêncio dos tempos e entre eles a montanha de sentimentos se escorrega dos pensamentos e se transfoma.

Nada mais se fala o que atingiu, nada mais se fala na travessia, apenas atravessou.

Quanto maior o medo se faz presente, maior ainda é o saber de ter sentido o próprio.

Sem ele nada disso seria grande, apenas eu poderia.

Sei da bondade do ar, que transpira nos poros dos deuses.

Mas sei que a razão tem limites o seu perfume.

E nada dele atingi a minha dor!

Dor que devasta, que infiltra minha carne e dela se faz a poesia do escuro, e então tudo que se investiga está por vir, nada mais se cristaliza com ela, nada mais se limita, se a dor não existe…

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