Debaixo do travesseiro sempre tinha um terço. Feito de bolinhas brancas. Eram muitas e cheias de um líquido grosso.
Conforme eram usados os líquidos se movia lá dentro.
A cada pai nosso e a cada ave Maria formava uma corrente luminosa e com grandes vibrações.
Certa noite quando o sono ainda não chegava,
a menina buscou tateando para encontrar o terço e nele depositar a sua fé, o Seu amor pelo Sagrado.
Nele a vida que saudava e dela queria viver imensamente.
Foi assim que chegou no tempo adulto.
E assim foi na chegada da sua velhice.
Quanto tempo a corrente luminosa passava entre os seus dedos e ela nem percebia.
Apenas sentia um forte calor entre eles.
Certa noite o sono não queria chegar,
o seu tempo de dormir foi ficando curto cada vez mais.
Então ela perguntava, aonde foi está indo seu danado.
Está fugindo de mim, como a água foge do fogo ardente?
Para que você possa viver mais que ele?
Mais tempo ou mais intensamente?
Seu pranto cheio de dor da alma, lamentava a falta do sono.
Sua dor que não era sentida como dor, porque estava ela amortizada, e desenfreada como os seus sonhos que nunca deixam-na só.
Apenas eles faziam uma cilada para aconchegar quando ela segurava o seu terço, era ele que a levava nas alturas quando ainda podia e queria sonhar.
Foi dos tempos de outrora.
Dos dias lá fora.
Que a sua vida começou deteriorar.
Do que foi feita esta vida?
Dos traços que não foram desgastados, e nem foram assim belos para eles continuarem.
Foram traços dos abraços que se queimavam por dentro e por fora.
Dias cansáveis de pensamentos tropeços e cheios da diversidade do viver.
Assim nenhum ser humano pode continuar consciente com tantos pensamentos e tantos feitos sem sentir o amor.
Apenas uma paz que não se sabe se ela vai continuar e fazer perder o rosário que sempre segurou…