A INOCÊNCIA DA ALMA

por Irene Zanetti

Debaixo do travesseiro sempre tinha um terço. Feito de bolinhas brancas. Eram muitas e cheias de um líquido grosso.

Conforme eram usados os líquidos se movia lá dentro.

A cada pai nosso e a cada ave Maria formava uma corrente luminosa e com grandes vibrações.

Certa noite quando o sono ainda não chegava,

a menina buscou tateando para encontrar o terço e nele depositar a sua fé, o Seu amor pelo Sagrado.

Nele a vida que saudava e dela queria viver imensamente.

Foi assim que chegou no tempo adulto.

E assim foi na chegada da sua velhice.

Quanto tempo a corrente luminosa passava entre os seus dedos e ela nem percebia.

Apenas sentia um forte calor entre eles.

Certa noite o sono não queria chegar,

o seu tempo de dormir foi ficando curto cada vez mais.

Então ela perguntava, aonde foi está indo seu danado.

Está fugindo de mim, como a água foge do fogo ardente?

Para que você possa viver mais que ele?

Mais tempo ou mais intensamente?

Seu pranto cheio de dor da alma, lamentava a falta do sono.

Sua dor que não era sentida como dor, porque estava ela amortizada, e desenfreada como os seus sonhos que nunca deixam-na só.

Apenas eles faziam uma cilada para aconchegar quando ela segurava o seu terço, era ele que a levava nas alturas quando ainda podia e queria sonhar.

Foi dos tempos de outrora.

Dos dias lá fora.

Que a sua vida começou deteriorar.

Do que foi feita esta vida?

Dos traços que não foram desgastados, e nem foram assim belos para eles continuarem.

Foram traços dos abraços que se queimavam por dentro e por fora.

Dias cansáveis de pensamentos tropeços e cheios da diversidade do viver.

Assim nenhum ser humano pode continuar consciente com tantos pensamentos e tantos feitos sem sentir o amor.

Apenas uma paz que não se sabe se ela vai continuar e fazer perder o rosário que sempre segurou…

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