A CURA

por Irene Zanetti

A Cura que simboliza tudo aquilo foi salvo.

Os sentimentos das relações, o entendimento, os atos, as ações, os pensamentos e tudo que poderia ser degradado, ruído, excluído do seu habitá, do corpo ou do Ser, a Cura faz o esforço para proteger tudo e todo o que compõe uma relação seja pessoal, individual, coletiva, profissional e com todo o envolvimento que o ser humano explora e expõe o seu viver, as que são as suas conquistas que revelam as verdades mesmos que estas sejam difíceis de serem ditas ou de serem realizadas, sua compaixão luta com todas as suas forças para que não aconteça o pior para o ser humano que se encontra no vazio e no caos.

O caos interior necessita de ajuda para que este, que em meio a devastação do equilíbrio emocional, mental e energético possa ser amparado e para não chegar o máximo do tormento que o angustia.

Com a sua força ela traz um novo entendimento, uma nova visão para que o ser humano possa reabilitar a sua condição humana, reintegrá-la ao convivo com outras pessoas ativas, produtivas e de inteira integração com as suas atividades.

O estado depressivo que faz acontecer o caos, traz a inanição deste ser humano que para sair deste estágio somente com o envolvimento da força da Cura e os seus aliados como a generosidade, a piedade e a misericórdia possam ajudá-lo.

A perda do acreditar, da esperança em si mesmo reacende no mundo interior que vai se encontrando e sentindo destas forças que impulsionam e tentam de muitas formas reanimar o frágil ser desolado.

Cada força que a Cura se alia, traz uma esperança, a outra uma nova visão daquilo que levou a debilitar o estado do vazio…

A Cura é a mãe dos bons sentimentos que habitam em cada ser humano, é ela que prepara as forças da esperança, da coragem, da sensibilidade para recompor a saúde no seu estado saudável, que estimula os neurônios, as células em depreciação, que trava uma batalha em todos os segundos com os seus aliados, suas buscas para encontrar a gota ideal para cada caso, cada enfermidade, sua força está na corrente sanguínea que percorre todos os em cada milímetros do corpo humano, seja físico, psíquico, emocional, mental e energético. É ela que acompanha dias e noites sem parar para encontrar o ponto, a dose, a quantidade, medidas, as combinações, os extratos, fórmulas da medicação para serem ministradas durante o tempo que precisa para a Cura acontecer.

E quando ela chega, o corpo pode estar doendo ainda, as emoções se acomodando, os sentimentos se assentando, mas há algo que deixa claro que ela chegou para ficar naquele ser humano, a sensação dela vem com determinação e se expande em todo corpo em todo ser, e ela enobrece os seus aliados, as suas experiências que passam em todos que ficam adoecidos, acamados como se fossem um passarinho machucado…

Os olhos cerrados da dor não sentida,

Da Luz divina não ouvida…

A crença que não sangra, mas inibe a liberdade.

Os olhos cerrados de não querer ver a claridade,

De só ver a dor que não mais doí…

Um espelho molhado,

a figura doentia do ser ali se move…

Como um gato que precisa de carinho.

Uma solidão invade a vida do doente enrolado, nos seus lençóis… quer sonhar, mas a dor deixo-o acordado…

As vezes lembra de Maria que foi mãe do menino Jesus,

e se pergunta e se fosse agora que Jesus viesse como seria?

A pergunta ali fica de lado,

sem uma resposta,

um consolo para ouvir…

Seria igual…de outra forma?…

Eu não disse isso o humano acabrunhado pensou…

Com os olhos cerrados quer dormir…e o sono não vem…

se enrola mais nos lençóis como se estivesse querendo encontrar uma posição agradável.

O corpo não está mais febril,

nem sabe o que quer além dali se levantar,

como foram dias atrás…

o pesamento começa incomodar com dúvidas sobre a sua cura…

e se ela não acontecer?

Um novo movimento interior ele sente…

Como um passarinho encolhido na chuva ele se sente…

Uma história quer inventar, mais de quem seria a história…

Porque seria uma história neste momento que estou só com a minha dor?

Sente um certa animação interior, uma leve alegria que poderia dizer diante daquela situação.

Queria dormir para não pensar em nada,

o sono escaldado desta intenção se esforça em ficar acordado,

Um pouco de tédio, de sede com os lábios secos ficou.

O tempo não passa…o tempo foi embora se perguntou!

…Não o tempo não foi embora, o tempo passou…

Como se ele mesmo perguntava e respondia, sem se dar conta que era espontâneo, era natural conversar com ele mesmo…

Aos poucos uma história começou entre as duas vozes dentro dele que uma vinha através do pensamento e a outra através do seu peito.

Quando percebeu que estava conversando sem pronunciar as palavras sentiu uma sensação de leveza infinita…estava ele descobrindo o seu ser, a sua força de transformação interior,

Chorou…e umedeceu a ponta do lençol como a criança faz e adulto também, e enxugou os olhos que minavam a sua alegria.

Ele estava sozinho naquele quarto dias afora…a cura percorria entre os seus aliados para animá-lo e os outros continuavam insistindo nas contas gotas…veio um sono pesado depois das gotas tomadas, umas imagens começaram aparecer na sua visão interior eram imagens de longa data, de remotos tempos aonde os sonhos poderiam comunicar, era um tempo antigo cheio movimentos entre as pessoas, um tempo que no começo estavam todas descontraídas, todas sorridente e de repente dias depois houve uma notícia que havia um vírus, uma tragédia começava aparecer no mundo inteiro…

O sonho tumultuado ficou ali em sua memória por longo tempo, mostrando o que acontecia diante da realidade daquele tempo,

como se fosse um pesadelo tentou sair do sonho que foi diminuindo a sua força e entre a consciência e a inconsciência ficou atordoado querendo entender o que significava um sonho daquele tão nítido, que ele sentia que estava naquele tempo mais antigo, no local que morava…com as pessoas conhecidas daquele tempo…mas a sua consciência foi se adiantando antes que o seu inconsciente mostrasse mais figuras, paisagens do tempo remoto do sonho.

A consciência o tomou nos braços e o fez entender que estava numa outra realidade, identificando o lençol, os travesseiros, a janela entre aberta do quarto…

Lembrou que tudo isso ele havia perguntado sobre o que seria se Jesus voltasse neste tempo…ficou calado escutando as batidas do seu coração…olhou lentamente para as cortinas da janela…com o sopro do vento ameno na cortina, ela moldou a figura do rosto de Jesus….

A Cura é o sinal que faz amansar o coração depois da turbulência da doença, não importa qual seja ela, o que mais importa é o limite que ela impõe ao ser humano, deixando-o impotente diante da sua rotina normal e saudável, a parada que ela faz no corpo e o corpo cede a cama e esta, ao estar só.

A cura milagrosa depois de tantos esforços, tantas tentativas, explorações, experiências, e do mutirão para cura o ser humano ela consegue dar mais uma chance a ele, do estar só, com a sua dor do nada, do tudo, do mal-estar interior, da doença do medo, da pobreza da sua interiorização, ela ainda faz brotar em instantes, minutos, horas ou dias e noites se preciso for para que ele se salva, além da cura.

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