SOLIDÃO

por Irene Zanetti

O canto da poética ensina, a sentir o gosto de ser.

Sentimentos profundos, de ternura da vida se alongam na caminho de cada um.

Terrestre são os olhos, celestiais os olhares.

Barco da solidão!

Em cada ser , cada instinte de vida há sempre o sopro da proa em busca de si mesmo.

Ondas de longas tranças,

cheias de cachos miúdos de areia.

Remo encantado sem hastes, com profundidade do destino.

Comando da luz mesmo dentro da escuridão de si.

Abra o crepúsculo do sol, fecha as ondas quando o medo surge, mesmo assim a busca ainda é mais forte.

Entre o encontro de si mesmo sempre encontramos a púrpura misturada a luz.

Sempre está presente as sombras e a fúria do que está guardado em nós.

Sempre a disputa.

Longa caminhada,

curta travessia.

No canto da vida, os homens com os seus desejos sagrados e ensaios para o viver.

Atravessam com as lutas, derrotas e vitórias e no entanto chegam com o busto cheio de sol.

Na sua morada, navega em águas claras.

Suspira com o vento sem saber que vai as profundezas do seu existir como Ser.

Com o tempo a sua solidão solidifica cada vez mais.

Cada vez que suspira, navega nas águas de seu destino vivo.

Em tempos passa a distrair -se com as suas doses de rumores de si e dos outros.

Todos os rumores surgem, quando ele esquece de navegar e sem destino a solidão fica insuportável.

Mas na corrida do tempo, fica ele na espera do canto da vida.

E dela o balanço do querer desaparece.

Nascendo uma nova vida em seu Ser.

No barco nasce a força.

Da força a criação.

Sem esforço e sem direção o barco navega, carregando o sentimento permanente no Homem.

Sem remo, e sem o lenço, o homem enxuga o seu suor do sol.

Cria a amizade entre as suas partes, o seu eu profundo e a a sua consciência, destes surge no oceano o Ser que se torna o Ser Humano.

Em sua viagem solitária e sem demora navega com o gosto do desejo de conhecer-se mais quando se carrega nas mãos.

Abre os braços e recebe dele mesmo a canção da vida.

Permanece no silêncio da sua loucura que a lucidez se entrega como o vento e se abandona em todo o espaço.

Entre os céus e o mar o barco desliza, na busca de quem está sempre evoluindo no seu destino.

Quando o barco surge na outra ponta do destino ele não mais precisa dos remos e se solta dentro da sua própria solidão.

Uma nova vida surge dentro do seu interior, dela o nascimento do medo de encontrar-se.

O novo processo de consciência parte a sua vontade de continuar, mas nada retém o seu desejo de conhecer o seu saber.

Entre as suas vontades, entre elas as humanas e as mais que humanas se encontram como uma força que disputa ficar como a parte que lhe interessa.

Das partes a humana navega se agarrando nos remos mesmo que eles não se encontram no barco a sua força está nos remos, e o homem com a sua capacidade humana cria e inventa os remos e deles saem em busca da sua outra parte que navega apenas com o ritmo das ondas.

As ondas, em seu movimento no mar,

vem a imagem de um querer sentir o seu frescor.

Da alma brota uma força que abraça no movimento contínuo das ondas .

O movimento sem encalço,

apenas pelo prazer de balançar, Apenas pelo amor de si mesmo e pela vibração que faz as próprias ondas.

E delas, surgem as conchas,

surgem as pérolas e os peixes que saboreiam o mar.

Das ondas, a areia se torna revoltas e de revoltas se fazem poeira assentada com o passar das águas como ondas.

Das ondas o encontro das águas com a terra do mar.

Deste encontro, o norte se abraça com o sul.

Neste abraço, o homem na sua dimensão mais que humana, se entrega a imensidão dos oceanos.

O navegar acontece sem os remos, e o destino traçado se trona necessário revelar.

E o encontro entre as partes do homem se unem, mesmo por um instante, ele conhece o medo de si mesmo e a coragem de navegar.

Neste porto seguro se encontrou,deu o suspiro de dor, quando descobre que para viver os remos antes de entrar no barco.

A dor da vida surge como uma lâmina que corta a intimidade do próprio Homem.

Sem socorro de si, vê a sua dor de ser apenas humano.

Nos seus atos, suas posturas e nas suas lágrimas.

A dor vem, e sem piedade do seu universo interior se assusta e deixa que seu grito seja de socorro e de vergonha por não permitir sentir a sua origem de ser e existir.

Entre os gritos e lamentos chegar a sua decisão de não se perder

na sua história genética .

E torna a experiência apenas um ato de dor.

Escapa desta prova. Mas não escapa de senti-la por interia, conhece-se nas suas verdades inteiras.

POÉTICA

No barco davida, No barco do viver.

Ainda a morada está nos oceanos que derramam suas águas entre os pedaços da terra e deles nascem a vida.

No sonho das ilusões, os homens embalam as águias, as gaivotas que buscam seus alimentos.

Saem num voo de tudo poder nele querer.

Seu navegar começa com as águas baixas do mar.

Seu destino vai lhe pregar uma peça no barco que o carrega, a vida conhecida que a terra ofereceu.

Sai navegando querendo conhecer mais do seu querer.

Faz buscas de vários sentidos que entrega no seu coração a confiança de estar se entregando á ele.

Quando as águas profundas, ele alcança , perde a direção de tudo do seu caminho e de sua história apenas humana.

Sente que corre o risco de não mais se encontrar, com os seus medos, no vazio do seu querer ter e acorda a sua consciência de nada poder fazer na imensidão do oceano.

Sente o medo maior, mais que humano nas suas entranhas e na sua palidez percebe que apenas navega nas águas profundas de seu sentir.

Sem medo do retorno adormece como se estivesse num leito de dor.

O barco expande o seu tamanho, nele o homem deixa as suas experiências humana. Apenas humana.

E percebe que nada significam diante da força da sua brava experiência.

Na sua luta de salvar-se, passa a não saber como sentir as duas dimensões de ser com o seu Ser.

Fica entre humano terrestre e a dimensão do universo que o fez.

Seu caminho, seu trabalho, as ruas que atravessam se tornam vazias, com o gosto de quem muito quis e nada conquistou, apenas sorri quando isso sente.

Espera de si que as ondas balançam ainda mais, para aprender a navegar sem os remos…

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