PALAVRAS SOLTAS
Irene em 07/02/2025
Porque este choro borbulha dentro de mim?
Uma gota ácida seria a traição de mim com as minhas palavras.
Em vão busco respostas que não quero recebê-las
As palavras estão soltas como folhas no outono,
como as águas das primeiras chuvas da primavera e com o turbilhão dos ventos que espalha tudo, mistura tudo e une tudo.
Os ventos cúmplices do tempo corriqueiro dos dias sem graça, e sem compromisso com a responsabilidade.
O rumo das cores lembrei, das primaveras passadas, antigas, tão antigas que não sofro com o medo que sacudiu a paralisia dos sentimentos ocultos, tão ocultos que nenhuma palavra sobre eles nunca foram ditas…mas escrita sim.
O negro das noites, se curva nas esquinas silenciosas…Antigamente, este momento o pássaro da noite dizia as palavras que a falta do sono em mim dizia.
Escuta teu coração, sinta-o como se ele nunca mais fosse bater.
O coração dizia brincando com a falta do sono com cantigas antigas que eu baixinho tão baixinho eu cantava, em línguas diferentes, desconhecidas para o meu tempo de agora, logo com o cantado a filmagem antiquíssima , longe da presença desta realidade com a linguagem do presente momento.
As imagens feitas de puro sabor da antiguidade, lenços e lencinhos pendurados no varal.
Verde ao redor de toda casa, uma vez surgiu a casa feita de pedra e eu ali, olhando pela janela o campo árido florescendo as tâmaras, os figos em crescimento.
Passagens rápidas, inevitáveis das memórias que nunca esquece.
O sabor que vinha da panela de metal grosso, …
o cheiro do carvão da madeira quase verde misturado com o sabor de algum alimentos que não vi, mais sentia o seu aroma delicioso.
Em outras tardes as janelas mostravam um velho senhor, com as vestes do algodão trançado pelas mulheres dos teares… vinha ele coberto de um cesto cheio de ramagens de vários tons de verdes.
Feito assim a poeira da gola embutida para dentro do pescoço estava molhado e com a cor da terra.
A terra esparsa, longinquar, como só os olhos curiosos podem ver.
O curioso era a normalidade da vida,
o curioso é que a mente pouca coisa tinha sobre a cabeça.
Os pensamentos esparsos, a imaginação ainda não estava desenvolvida para o consumo e processamento em alta velocidade.
Era tudo lento no interior da vida dos homens e das mulheres adultas.
Os olhos sim trabalhavam rapidamente para tudo ver e reconhecer como algo diferente, esquisito, bonito e nobremente aceito pelos viventes,
Quanto tempo tudo isso um pensamento do tempo presente perguntou-me.
Então o meu viver se fecha carinhosamente diante das imagens que se apresentaram com parte do viver de alguma existencia que me presenteou.
Fechei os olhos, como se quisesse continuar lendo as imagens antigas nele ficar, ali, sem estar presente no presente.
A face o culta da vida que pouco gosta de se mostrar como uma folha do livro guardado pela memória.
Tempo que não se importa com ele mesmo, o que o faz seguir o seu compromisso de continuar passando seja durante o dia ou a noite.
Amigo diria eu sem perder algumas imagens que ficaram pra trás antes que meus olhos fechassem.
Quanto tempo faz?
Um novo pedido de saber.
Os olhos fecham e eu digo será para sempre?
Percebo que a inocência das imagens da janela me trouxe algo manso.
Tão manso que meu coração adormeceu…