Tinha os pés cansados de caminhar,
Já entardecia quando cheguei na ponte de um córrego que deixava as águas passarem entre as suas estreitas margens.
O frescor da água suavizou a quentura dos pés.
O arvoredo em volta das margens era de grandes e pequenas árvores,
todas elas com um verde inexplicável…parecia a cor esmeralda.

Duvidei que a noite chegaria logo, sentei na margem e deixei meus pés ficarem gelados na água corrente.
Aos poucos o corpo inteiro já estava frio,
O sol tinha se escondido, ali eu ainda estava.
Porque estaria ainda ali, na solidão?
Pensei e olhei pra cima das árvores e um punhado de pássaros se assentando nos galhos,
tantos, inúmeros, centenas todos eles mesclados de cinza, branco e da cor preto, com o bico vermelho.
Estavam silenciosos, alguns adormecidos outros ainda procuravam lugar para assentar e dormir o sono dos pássaros.
Com os pés na água corrente e com os olhos esticados para o alto vendo o espetáculo acontecer, percebi que eu estava entre as energias naturais da vida.
Ali cercada no mineral, vegetal e de outras espécies vivas.
Senti que apenas eu humana conseguia perceber, distinguir, a separação de cada elemento natural, e que os demais estavam no contexto de serem o que são, nos seus lugares, nas suas funções…
Eu ali, estagnada com a beleza que estava sendo escondida pelo escuro da noite, ali livre…apenas presa pelas sensações de fazer parte desta Unidade.
Sai deixando o meu coração batendo forte,
batendo no pensamento que dizia…
Tu és parte do todo…e de tudo…
Um ser humano amado pelo todo e pelo tudo…
Um filho de Deus!