Pedaços de Mim IV

por Irene Zanetti

O vento ligeiro parecia correr de algo assombroso assim pensei,

Quando olhei para o alto vi que as nuvens negras estavam se contorcendo entre elas.

Parada e olhando para cima, eu sentia o vento sacudindo meus cabelos.

Mas os olhos não podiam parar de olhar as imagens que as nuvens mostravam.

Como numa sequência pareciam páginas de belas e tristes histórias.

Não haviam cores nas nuvens nem em cada imagem,

eram acinzentadas,

pareciam que era um documentário sobre um tempo passado,

os animais primitivos,

as florestas cerradas quase impenetráveis…

densas e com folhas e galhos imensos,

As vezes alguns animais conhecidos ou semelhantes que eu conhecia…

Foram muitas páginas mostrando as imagens,

numa delas duas asas se batendo, como se quisessem dali sair…

Percebi que as asas cada vez mais buscavam um espaço livre,

sair dos movimentos das nuvens escuras.

Como se nelas estivesse um corpo que eu não conseguia ver,

elas dali saíram causando um barulho estrondoso…

Era o trovão causado pelo encontro das nuvens que as asas estavam presas.

O som do trovão chegou na face da Terra…

Os primeiros pingos da chuva vieram grossos,

pareciam gotas pesadas,

Então com as palmas das mãos esticadas e abertas os pingos molharam minhas mãos, cabelos, e o corpo inteiro…

Pensei olhando ainda para cima a chuva chegou,

antes disso ela se fez o que queria fazer,

ser o que ela podia Ser,

em cada imagem, figura estranha e maravilhosa…

agora estas figuras estão em todo o meu corpo espalhadas,

umedecendo a vida…assim pensei.

estavam no espaço não tão alto.

Já não podia continuar olhando para o alto,

as imagens se transformaram em água e a água em chuva…

Caminhei com passos pesados,

a roupa deixava o seu rastro no chão…

Era outono e um vento frio apareceu de repente,

Corri a porta estava aberta e entrei….

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