A imigração que se agiganta ao redor do planeta, na surdez do nome da fraternidade centenas de milhares de pessoas na correnteza dos passos sem destino.
Em cada passo uma história começando no mundo de ninguém…apenas do vento, que os empurra na direção que não seja do abismo.
As escaladas noturnas, o sono invande a coragem e todos ali dormem ao relento esticados no escuro.
Ali os sonhos que são quebrados pelo frio e chuvas que abordam os desvalidos.
São crianças, mulheres na sua maioria, na tentativa de fazer travessia.
Os homens acorrentados com seus pensamentos se sentem impotentes vendo a escuridão cobrir seus filhos e se perderem nas cruzadas dos caminhos.
Percorrem como se fossem os campos cobertos das chuvas caídas,
não há lamentos naquela escuridão que a vida lhe impôs.
Não há choro…apenas o silêncio para manter os pensamentos concentrados diante da realidade.
Sombrios vem com o tumulto do passado recente, das suas terras aonde nasceram e viveram até que a fome, a sede e a escravidão os colocaram rumo ao deserto do viver.
Atravessam caminhos que nunca conheceram,
o chão batido pelos passos trêmulos de não saber aonde poderão chegar.
As vezes o choro de uma criança logo é abafado para não tumultuar o silêncio que os unem e os mantém em equilíbrio para continuar a caminhada.
A nacionalidade que se perde a cada passo que se adianta perante em direção do país estrangeiro,
daquele que não consegue abrigar mais os humanos que agora são apenas filhos da Terra, e não mais de um país.

Que país é este que eles precisaram abandona-lo?
ou precisaram dele fugir?
Tempos em que as madrugadas não esperam o amanhecer chegar para a caminhada continuar…
A lucidez de uns apresenta a coragem para seguir em frente,
ainda no escuro da noite que não terminou se faz um canto para acordar todos sonolentos não do descanso, mas do cansaço.
Noites que não escutam os tiros que estremece as horas vazias dos estomâgos.
Do alto as estrelas derramam suas lágrimas feitas de luz que clareiam a passagem dos humanos,
próximos ao destino que não os aceita.
A humanidade em transe,
acorrentada pela miséria do poder que contém o egoismo de tudo ter.
A miséria que as águas sucubem para banhar os rostos desfigurados das indiferenças, do abandono e da degradação humana que a própria provocou…
Tempos nublados, inseridos nas mentes dos Homens armados, protegidos pelas sofisticadas ações das leis do domínio sobre os mais fragilizados.
Estes que se acomodam ao redores dos muros das cidades, ali continuam amontoados vivendo a podridão dos amparados…
Deus da vida eterna, que as chuvas derramam sobre as superfíceis, nas montanhas e que estas tragam o sopro da esperança e do amor…a humanidade em transe…
a humanidade impotente…
a humanidade adoecida…
a humanidade rompida com o coração do Universo.
Traga aos homens, mulheres, crianças e todos os seres vivos que possa ajudar a trajetória dos viventes do TEMPO NUBLADO..
Em 31/08/2021